domingo, 26 de julho de 2009

Morfoscópio nº4 e Morfoscopia nº00333 (2009). 120 x 45cm e 88 x 58cm. Artista: Guto Maahs.



Venho desenvolvendo trabalhos de fotografia experimental fundamentado na subversão dos processos fotográficos, de modo que se possam estabelecer relações entre imaginação, intuição, fotografia, desenho e escultura. Utilizo a imaginação como instrumento de elaboração da realidade conectando-a a estas linguagens de uma forma não convencional. Minhas imagens são constituídas com a intenção de proporcionar a mim e ao espectador novas condições de possibilidade para perceber o que chamamos real - buscando suscitar nas pessoas a sensação de estranheza e questionamento.

Grito Enérgico - Energetic Scream (2009). Escultura em madeira, 43 cm de altura. Artista: Lucas Fontana.











A escultura representa um pequeno ídolo. Sua constituição ereta, rígida e inorgânica contrasta com seu interior visceral e a tosca abertura longitudinal (no sentido do eixo principal da peça) revela suas entranhas, essa fenda concebe um grito. Associadas à peça rudimentar de madeira encontram-se placas de metal e dois solenóides, elementos fundamentais à constituição da obra, pois estas curvas geram seu campo enérgico, suscitando a energia que por sua vez gera a vitalidade do objeto. É a vida passando a existir num ser até então inanimado. Essa energia e sua ação vital são representadas através da Computação Gráfica na imagem (render de modelagem digital) que acompanha a escultura. A utilização deste recurso gráfico transcende e ao mesmo tempo complementa a obra, porém, tanto a peça quanto a imagem digital sustentam-se e se justificam por si só.
Os contrastes entre o primitivo e tecnológico, o orgânico e inorgânico, a madeira e o metal, a escultura talhada e a modelagem digital, o inanimado e o vital estão presentes nestas imagens que representam um ídolo. Entretanto, a qual local ele pertencera, a qual divindade está associado e quem deveria venerá-lo? O artista será o deus que cria ou a tecnologia será a divindade que como ferramenta permite o artista criar? Talvez seja o próprio espectador que deva reverenciar a peça, fruindo dela para encontrar suas próprias respostas através de seus vários questionamentos diante da obra.

Grito Enérgico (2009). Modelagem Digital. Artista: Lucas Fontana.

Embrião (2009). Cerâmica, 30 x 30 x 25cm. Artista: Gilberto menegaz.





Este objeto cerâmico representa um núcleo embrionário que se desenvolve e se expande na conquista de novos espaços, indo além dos limites impostos por uma caixa preta que tenta aprisiona-lo. Sua constituição é orgânica, remetendo a imagem de um óvulo em transformação, mutante, que se movimenta com seus tentáculos na busca da libertação daquilo que o contem e aprisiona. O resultado plástico e simbólico desta peça surpreende pelo movimento que ela proporciona, pois a sobreposição de seus tentáculos proporciona um jogo de sombras que se movimentam de acordo com o olhar do observador. Na construção deste objeto cerâmico utilizou-se dois tipos diferentes de massa cerâmica, uma branca forma o embrião, e outra preta na construção da estrutura que aprisiona o embrião.

O que te prende à Terra? (2009) Técnica mista em Madeira, Metal e Pedra. 40 x 20 x 28 cm. Artista: Lucas Frota Strey.











A inspiração que me moveu a realizar esse trabalho inicialmente foi a vontade de fazer um rosto genérico, sem um modelo especifico. Então refleti por alguns instantes e conclui: “o que pode ser mais genérico que um crânio de um esqueleto?” Essa forma interna estrutural, comum a todos os seres humanos, traz a mim várias reflexões, uma delas, por exemplo: por mais diferentes que sejamos uns dos outros fisicamente, quando a morte chega e a degradação natural atua sobre nosso corpo material, acabamos todos iguais. Sendo assim decidi utilizar a forma do crânio como a representação humana. Apesar de buscar uma anatomia muito próxima do real, dei-me certa liberdade e brinquei com a possibilidade da deformação para ampliar as possibilidades de interação do espectador. Passado a fase de modelagem do crânio, surgiu-me a necessidade de ampliar as possibilidades tanto plásticas quando de acepção da obra. Desse modo, decidi compor o entalhe do crânio com novos materiais, agreguei o aço, o cobre e o latão polidos à visualidade e à cognição da obra. Busquei modelar as hastes de metal, afim de atribuir leveza e movimento ao entalhe do crânio. O resultado obtido, segundo minha percepção, é a sensação de que o crânio flutua, sendo aprisionado pelas linhas de metal à base ou superfície em que estão fixadas. Cria-se assim, uma tensão entre as duas formas, a leveza do entalhe e o peso da pedra-base, unido pelas linhas de metal. Deixando a atribuição de significados e sensações especificadas a cargo do espectador, simplesmente experimento a composição de formas e materiais. Claro que tenho minhas motivações e significados das formas aplicadas à execução do trabalho, mas também acredito que esses não têm a menor serventia para o espectador no momento de fruição da poética realizada, pois somente o condicionaria a uma única percepção e interpretação, limitando as possibilidades de leitura da obra. Assim Sendo, não os comentarei nesse texto. Limito-me a empregar os significados que encontro na composição, dando o título que também fará parte da obra como mais um elemento material: “O que te prende a vida?”