A inspiração que me moveu a realizar esse trabalho inicialmente foi a vontade de fazer um rosto genérico, sem um modelo especifico. Então refleti por alguns instantes e conclui: “o que pode ser mais genérico que um crânio de um esqueleto?” Essa forma interna estrutural, comum a todos os seres humanos, traz a mim várias reflexões, uma delas, por exemplo: por mais diferentes que sejamos uns dos outros fisicamente, quando a morte chega e a degradação natural atua sobre nosso corpo material, acabamos todos iguais. Sendo assim decidi utilizar a forma do crânio como a representação humana. Apesar de buscar uma anatomia muito próxima do real, dei-me certa liberdade e brinquei com a possibilidade da deformação para ampliar as possibilidades de interação do espectador. Passado a fase de modelagem do crânio, surgiu-me a necessidade de ampliar as possibilidades tanto plásticas quando de acepção da obra. Desse modo, decidi compor o entalhe do crânio com novos materiais, agreguei o aço, o cobre e o latão polidos à visualidade e à cognição da obra. Busquei modelar as hastes de metal, afim de atribuir leveza e movimento ao entalhe do crânio. O resultado obtido, segundo minha percepção, é a sensação de que o crânio flutua, sendo aprisionado pelas linhas de metal à base ou superfície em que estão fixadas. Cria-se assim, uma tensão entre as duas formas, a leveza do entalhe e o peso da pedra-base, unido pelas linhas de metal. Deixando a atribuição de significados e sensações especificadas a cargo do espectador, simplesmente experimento a composição de formas e materiais. Claro que tenho minhas motivações e significados das formas aplicadas à execução do trabalho, mas também acredito que esses não têm a menor serventia para o espectador no momento de fruição da poética realizada, pois somente o condicionaria a uma única percepção e interpretação, limitando as possibilidades de leitura da obra. Assim Sendo, não os comentarei nesse texto. Limito-me a empregar os significados que encontro na composição, dando o título que também fará parte da obra como mais um elemento material: “O que te prende a vida?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário